terça-feira, 26 de abril de 2016

Tem horas que a vida é tonta

Vamos vivendo, sempre correndo, querendo, buscando. Estamos sempre atrás de algo, uma promoção no emprego, alguém para amar e que nos ame, um carro novo, um filho, uma viagem. Queremos a felicidade. E queremos rápido. E esquecemos que a felicidade está no hoje, na nossa família, nos nossos amigos, na nossa saúde, nas pequenas coisas, em podermos ver o céu estrelado ou em termos um cobertor quentinho para dormirmos nos dias frios. Achamos que somos eternos, e que temos a vida toda pela frente. Esquecemos que um dia, e pode ser qualquer dia, morreremos. Isso sempre nos parece tão irreal, tão longínquo. Mas é a única certeza que temos dessa vida.


E a morte é sorrateira, nos leva quando menos esperamos. E ela me levou um amigo, um amigo do peito, amizade de mais de 20 anos. Era um irmão. E quando acontece uma coisa dessas, tão repentinamente, ficamos sem eira nem beira. E com a ida dele uma parte de mim morreu também. Acho que vamos morrendo aos poucos, a cada pessoa querida que nos deixa. E esses dias tenho vivido como uma sombra, tudo que eu almejava e acreditava que me deixava e deixaria feliz, perdeu o sentido.

Ando desanimada, sair da cama de manhã se tornou muito difícil. Sei que meu amigo não gostaria que eu estivesse assim e provavelmente se ele me visse assim tão triste iria dizer: “Quem fez isso com você? Quer que eu dê uma surra nele? Vamos beber! ”. Ele sempre me fazia rir, e sempre me fazia ver o lado bom da vida. Meu querido. Uma pessoa do bem, que aproveitava cada minuto de sua vida, amado por tanta gente que não dá nem para contar. Acredito que ele está em paz e um lugar melhor. Porém a morte é difícil de ser digerida para os que ficam. Ficam as boas lembranças, as histórias engraçadas e a saudade.

Sou uma pessoa otimista, mesmo quando estou triste não gosto de ficar me lamuriando ou reclamando, não gosto que me vejam como vítima ou coitada, sou orgulhosa. As pessoas dizem: “Angela você está sempre sorrindo, falando coisas engraçadas, colocando os outros para cima”. Disfarço bem na maioria das vezes, mas tem dias como hoje, que é difícil disfarçar e fingir que está tudo bem. Tenho amigos queridos, que estão sempre comigo, me falando coisas boas e torcendo por mim. Sei que desejam de verdade que eu fique bem.

E sei que o tempo cura tudo e logo mais estarei menos triste. Provavelmente sentirei, em alguns momentos, algumas pontadas de tristeza. Só quero que este desânimo vá embora e que eu volte a ter a velha força de sempre. A Angela forte, otimista, independente, que enfrenta tudo sem medo, que acredita que tudo vai dar certo, que odeia ver injustiça e que não leva desaforo para casa, mesmo quando a vida lhe passa umas rasteiras, lá está a Angela rindo e sambando na cara da vida.  Não quero que sintam pena de mim, isso tudo é um desabafo, escrever me ajuda a refletir e me acalmar, sempre foi assim. A escrita e a música são minhas válvulas de escape. E tenho certeza que se o Carlinhos lesse isso ia falar: “Larga a mão de ficar escrevendo essas coisas deprês, parece uma tonta! ”. Sim amigo, tem horas que sou tonta mesmo. Tem horas que a vida é tonta.

Ficarei bem amigo, por você. E pelas pessoas que me amam. Estou sofrendo agora, e sei que tem muita gente sofrendo sua perda. Penso o tempo todo no Gustavo, na Déia, no Andrézinho. E queria poder fazer algo por eles, odeio ver as pessoas que amo sofrendo.

E vamos vivendo, aproveitando cada minuto que nos é dado, fazendo o bem, dando nosso melhor. Porque, afinal, a vida é isso.